O monopólio da memória branca na linguagem dos direitos humanos

Vanessa Rodrigues Araújo

Resumo


 

 Resumo: Ao buscar no âmbito normativo global e regional de direitos humanos o direito à memória, verifiquei que este não se encontrava positivado nos referidos documentos. A menção da memória aparece na Declaração e Programa de Ação de Durban (2001), mas apenas como um discurso honroso. Contudo, honrar a memória seria o mesmo que garanti-la? As lutas pela garantia do direito à memória esbarram não só nessa lacuna normativa, mas numa linguagem de direitos humanos historicamente racista e sexista nutrida pela colonialidade do poder. O reconhecimento da colonialidade como principal eixo de linguagem dos direitos humanos é a tarefa central para a compreensão da articulação dos processos hegemônicos da memória, os quais erradicam ou conferem o caráter moderno às memórias, marginalizam ou integralizam memórias à história da humanidade. O uso do tempo moderno enquanto operação política opressiva da memória silencia pluralidades ao mesmo tempo em que aprisiona memórias no tempo passado. Nesse sentido, além de acusar o silenciamento normativo naturalizado sobre o direito à memória, almejo debater os possíveis caminhos de expansão dessa categoria de direito no discurso dos direitos humanos. 

Palavras-chave: Memória. Raça. Colonialidade. Direitos humanos. 

Resumen: La búsqueda en el ámbito normativo global y regional de los derechos humanos de un derecho a la memoria señaló que esto no estaba positivado en los documentos mencionados. La mención de la memoria aparece en la Declaración de Durban y el Programa de Acción (2001), pero sólo como un discurso honorable. Sin embargo, para honrar la memoria sería equivalente a garantizarla? Las luchas por la garantía del derecho a la memoria no sólo se enfrentan a este vacío legal, sino un lenguaje de derechos humanos históricamente racistas y sexistas nutridos por la colonialidad del poder. El reconocimiento del colonialismo como eje principal del lenguaje de los derechos humanos es la tarea central para la comprensión de la articulación de los procesos hegemónicos de la memoria, que erradican o confieren carácter moderno a los recuerdos, marginalizan o integran las memorias en la historia de la humanidad. El uso de los tiempos modernos como una operación política opresiva de la memoria silencia pluralidades mientras encarcela recuerdos en el tiempo pasado. En este sentido, el trabajo culmina acusar el silenciamiento normativo naturalizado sobre el derecho a la memoria, así como discutir las posibles vías de expansión de esta categoría de derechos en el discurso de los derechos humanos. 

Palabras clave: Memoria. Raza. Colonialidad. Derechos humanos. 

Abstract: The search in the global and regional normative scope of the human rights of a right to the memory pointed out that this was not positive in the mentioned documents. The mention of memory appears in the Durban Declaration and Program of Action (2001), but only as an honorable speech. However, would honoring memory be the same as guaranteeing it? The struggles for guaranteeing the right to memory run counter to this normative gap, but to a historically racist and sexist human rights language nurtured by the coloniality of power. The recognition of coloniality as the main axis of human rights language is the central task for understanding the articulation of hegemonic processes of memory, which eradicate or impart the modern character to memories, marginalize or integrate memories into the history of humanity. The use of modern time as an oppressive political operation of memory silences pluralities while imprisoning memories in the past tense. In this sense, the article culminates in accusing naturalized normative silencing of the right to memory, as well as discussing possible ways of expanding this category of rights in the discourse of human rights. 

Keywords: Memory. Race. Coloniality. Human rights. 


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Revista Interdisciplinar de Direitos Humanos
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