A imprensa católica e os direitos humanos: o semanário “O São Paulo” no contexto do Estado autoritário brasileiro

Adriano Gonçalves Larangeira, Jorge Miklos

Resumo


Resumo: A história do Brasil, no século XX, é marcada pela implantação de um Estado Autoritário que durou 21 anos (1964-1985). Publicações recentes, (Silva, 2014) e (Larangeira, 2014), acrescentam o adjetivo ‘midiático’, enfatizando a participação da mídia brasileira na criação de um sentimento nacional propício a deflagração do golpe e a manutenção do governo. Se a mídia contribuiu para a instalação do regime ditatorial no Brasil, ela também, ou uma parte dela, se tornou oposição aos militares, motivo pelo qual alguns meios de comunicação foram censurados. Na oposição ao Estado Autoritário também teve papel fundamental a Igreja Católica, especialmente a paulistana, cujo líder, Dom Paulo Evaristo Arns, seria a “figura-símbolo” na luta pelo processo de redemocratização. Partindo desse contexto, este estudo se propõe a examinar a atuação da imprensa católica paulistana na defesa dos Direitos Humanos por meio do um resgate da história do Semanário “O São Paulo”, jornal oficial da Arquidiocese de São Paulo, criado em 1956 com o objetivo de difundir os valores católicos entre os fiéis. Porém, a partir de 1970, quando a Arquidiocese de São Paulo é liderada por Dom Paulo Evaristo Arns, o jornal sofre uma mudança na sua linha editorial e passa a atuar como crítico ao Estado Autoritário, contra a repressão, postura que irá culminar na instalação de uma censura prévia no semanário. A pesquisa se configura metodologicamente como bibliográfica baseada num quadro teórico de referência específico nos estudos acerca das relações entre os campos da mídia, da política e da religião com enfoque nas reflexões de Beozzo (1993), Gaspari (2014), Aquino (1999), Lanza (2001), entre outros. Os resultados indicam que “O São Paulo” utilizou como estratégia comunicacional a articulação entre direitos humanos e a religiosidade cristã. Dessa forma, a imprensa católica tornou-se um instrumento de resistência ao Estado Autoritário. A imprensa católica procurou conscientizar a população paulistana católica acerca do vínculo indissolúvel entre esses dois valores trazendo para a cena religiosa a necessidade de se forjar na prática pastoral católica um espírito de compromisso com a luta pela liberdade e pela dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, o a impressa era imprescindível, pois na época tratava-se de um meio de comunicação de grande relevância entre o público católico. 

Palavras-chave: Estado autoritário. Direitos humanos. Imprensa católica. O São Paulo. 

Resumen: SLa historia de Brasil, el siglo XX, es marcada por la implantación de un Estado Autoritario que duró 21 años (1964-1985). Publicaciones recientes, (Silva, 2014) y (Larangeira, 2014), añaden el adjetivo “mediático” enfatizando la participación de la media brasileña en la creación de un sentimiento nacional propicio la deflagración del golpe y el mantenimiento del gobierno. Si la media contribuyó para la instalación del régimen dictatorial en Brasil, ella también, o una parte de ella, si hizo oposición a los militares, motivo por el cual algunos medios comunicacionales fueron censurados. En la oposición al Estado Autoritario también tuvo papel fundamental la Iglesia Católica, especialmente la paulistana, cuyo líder, Don Paulo Evaristo Arns, sería la figura-símbolo del proceso de redemocratización. Partiendo de ese contexto, este estudio se propone a examinar la actuación de la prensa católica paulistana en la defensa de los Derechos Humanos por medio de un rescate de la historia del Semanario O São Paulo, periódico oficial de la Arquidiócesis de São Paulo, creado en 1956 con el objetivo de difundir los valores católicos entre los fieles. Sin embargo, a partir de 1970, cuando la Arquidiócesis de São Paulo es liderada por Don Paulo Evaristo Arns, el periódico sufre un cambio en su línea editorial que pasa a actuar como crítico al Estado Autoritario, contra la represión, postura que irá a culminar en la instalación de una censura previa en el semanario. La investigación se configura metodológicamente como bibliográfica, basada en un cuadro teórico de referencia específico en los estudios acerca de las relaciones entre los campos de la media, 

de la política y de la religión con enfoque en las reflexiones de Beozzo (1993), Gaspari (2014), Aquino (1999), Lanza (2001) entre otros. Los resultados indican que O São Paulo utilizó como estrategia comunicacional la bisagra entre derechos humanos y la religiosidad cristiana. De esa forma, la prensa católica se hizo un instrumento de resistencia al Estado Autoritario. La prensa católica buscó concientizar la población paulistana católica acerca del vínculo indisoluble entre esos dos valores trayendo para la escena religiosa la necesidad de forjarse en la práctica pastoral católica un espíritu de compromiso con la lucha por la libertad y por la dignidad de la persona humana. En ese sentido, lo la impresa era imprescindible, pues en la época se trataba de un medio comunicacional de gran relevancia entre el público católico. 

Palabras clave: Estado autoritario. Derechos humanos. Prensa católica. São Paulo 

Abstract: The History of Brazil, in the XX century, is noticed by the foundation of an authoritarian Estate which lasted for 21 years (1964-1985). Recent releases, (Silva, 2014) and (Larangeira, 2014), added the adjective “mediatic”, emphasizing the participation of the Brazilian media in the creation of a national sentiment that leads to the burst of the Estate Con and the maintenance of the government. If the media contributed to the installation of the dictatorship regime in Brazil, it has too, or some part of it, become opposition to the military, reason for which some means of communication were censored. On the opposition to the authoritarian Estate the Catholic Church had a fundamental role as well, especially the paulista, whose leader, Dom Paulo Evaristo Arns, would be the “symbol-figure” in the struggle for the re-democratic process. Going from this concept, this study proposes itself to examine the acting of the catholic paulista press on the defense of Human Rights by the mean of rescuing the story of the weekly newspaper “The São Paulo”, official newspaper of the archdiocese of São Paulo, created in 1956 with the aim of spreading the catholic values between the faithful ones. However, from 1970 on, when the archdiocese of São Paulo was led by Dom Paulo Evaristo Arns, the newspaper suffered one change in its editorial line, which passed from acting as a critic to the authoritarian Estate, against repression, posture that will cultivate the installation of a previous censorship on the weekly news. The research sets itself methodologically as bibliographic, based in a theoretical perspective of reference specific in the studies around the relations between the media, politics and religious fields, focusing in the reflections of Beozzo (1993), Gaspari (2014), Aquino (1999), Lanza (2001), and et cetera. The results point out that “São Paulo” weekly news has used as communicative strategy the articulation between Human Rights and the Christian religiosity. In this way, the catholic press has looked for making paulista people aware about the solid bond between these two values bringing to the religious scene the necessity of forging in the catholic preaching practice a spirit of commitment with the struggle for freedom and for the dignity of the human person. In this sense, the press was imperative, because at that time, it was a communication mean of great relevance between the catholic public. 

Keywords: Authoritarian Estate. Human rights. Catholic press. The São Paulo.


Texto completo:

PDF


Revista Interdisciplinar de Direitos Humanos
Av. Luiz Edmundo Carrijo Coube, nº 14-01 • Sala 69 • Vargem Limpa
CEP 17.033-360 • Bauru/SP • Telefone: (14) 3103-6064 • E-mail: oedhunespbauru@gmail.com