Constituição de um sujeito de direito trans pelas sentenças da Corte Europeia de Direitos Humanos
Resumo
Resumo: O presente artigo analisa a jurisprudência da Corte Europeia de Direitos Humanos (Cedh) em relação a suas decisões sobre identidade de gênero a fim de verificar se, e como, ocorreu a construção e a afirmação de um sujeito de direito trans por meio dos fundamentos veiculados nas decisões da Cedh quanto à necessidade de procedimentos de redesignação sexual, incluída a prova de esterilidade e/ou a necessidade de apresentar atestados médicos comprovando ser o requerente portador de psicopatologia, como requisitos para a retificação registral de pessoas trans. Tal análise é conduzida tendo como marco teórico a perspectiva despatologizante sobre identidades de gênero trans, bem como está alicerçada, no que se refere à constituição de um sujeito de direito pleno e autônomo, na formulação de teóricos do reconhecimento. Já no que se refere à constituição de um sujeito de direito trans por meio do reconhecimento de suas demandas por instâncias judiciais, o trabalho apoia-se em autores que trabalham a dimensão da coprodução entre o gênero e o direito. A metodologia de pesquisa utilizada é a análise jurisprudencial das sentenças da Corte em perspectiva qualitativa. A principal conclusão a que se chegou por meio da análise é a de que até o momento o posicionamento jurisprudencial da Cedh, embora tenha evoluído significativamente nos últimos trinta anos, não está em consonância com a perspectiva teórica que postula pela despatologização das identidades de gênero trans, reconhecendo os direitos civis da pessoa trans apenas por meio da patologização de sua identificação de gênero.
Palavras-chave: Transexualidade. Corte Europeia de Direitos Humanos. Jurisprudência.
Resumen: El presente artículo analiza la jurisprudencia de la Corte Europea de Derechos Humanos (Cedh) en relación con sus decisiones sobre identidad de género a fin de verificar si, y cómo, se produjo la construcción y la afirmación de un sujeto de derecho trans por medio de los fundamentos transmitidos en las decisiones de Cedh en cuanto a la necesidad de procedimientos de reasignación sexual, incluida la prueba de esterilidad y/o la necesidad de presentar certificados médicos que demuestren ser el solicitante portador de psicopatología, como requisitos para la rectificación registral de personas trans. Este análisis es conducido teniendo como marco teórico la perspectiva despatologizante sobre identidades de género trans, así como está basada, en lo que se refiere a la constitución de un sujeto de derecho pleno y autónomo, en la formulación de teóricos del reconocimiento. En lo que se refiere a la constitución de un sujeto de derecho trans por medio del reconocimiento de sus demandas por instancias judiciales, el trabajo se apoya en autores que trabajan la dimensión de la coproducción entre el género y el derecho. La metodología de investigación utilizada es el análisis jurisprudencial de las sentencias de la Corte en perspectiva cualitativa. La principal conclusión a la que a llegado por medio del análisis es la de que hasta el momento el posicionamiento jurisprudencial de la Cedh, aunque ha evolucionado significativamente en los últimos treinta años, no está en consonancia con la perspectiva teórica que postula por la despatologización de las identidades de género trans, reconociendo los derechos civiles de la persona trans apenas por medio de la patologización de su identificación de género.
Palabras clave: Transexualidad. Corte Europea de Derechos Humanos. Jurisprudencia.
Abstract: This article examines the jurisprudence of the European Court of Human Rights (Echr) on gender identity in order to verify the construction and affirmation of a trans-subject of law through the decisions of the Echr concerning the need for sexual reassignment, including sterility, and medical certificates proving that the applicant is suffering from a psychopathological syndrome or dysphoria, as requirements for the rectification of trans persons registry. Such analysis will be conducted with the theoretical framework of the depathologizing perspective on trans gender identities, as well as being based, as regards the constitution of a full and autonomous subject of law, in the formulation of theory of recognition. Regarding the constitution of a trans-subject of law through the recognition of their demands by judicial bodies, the work will be based on authors who work on the dimension of coproduction between gender and law. The research methodology used will be the jurisprudential analysis of the judgments of the Court in qualitative perspective. The main conclusion reached by the analysis is that until now the Echr jurisprudential positioning, although it has evolved significantly in the last thirty years, is not in line with the theoretical perspective that postulates by depathologizing the trans gender identities, recognizing the civil rights of the trans person only through the pathologization of their gender identification.
Keywords: Transsexuality. European Court of Human Rights. Jurisprudence.
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